Enquanto a Samsung e o Google falavam de IA, a Apple apresentou... uma calculadora. E isso diz tudo sobre o futuro do marketing tecnológico
2025 ficará lembrado como o ano em que a inteligência artificial dominou todos os palcos de tecnologia.
Samsung, Google, Microsoft e dezenas de startups correram para mostrar quem tinha a IA mais poderosa, mais inteligente e mais disruptiva. Mas, em meio a essa euforia, a Apple subiu ao palco da WWDC e apresentou uma calculadora para o iPad. À primeira vista, parece uma piada. Mas, na verdade, essa decisão diz muito sobre a estratégia da marca e sobre como o marketing moderno funciona.
🧠 Enquanto todos gritavam “IA”, a Apple sussurrou “usabilidade”
Durante o primeiro semestre de 2025, a Samsung e o Google apostaram tudo em inteligência artificial generativa, apresentando assistentes cada vez mais complexos, capazes de criar imagens, editar vídeos e até simular emoções. O Galaxy AI, integrado nos smartphones e tablets, prometeu revolucionar o modo como interagimos com os dispositivos. Já o Google Gemini 2.0, anunciado no Google I/O 2025, trouxe novas capacidades multimodais e integração profunda com todos os produtos Android e Workspace. O mundo tecnológico parecia preso numa única narrativa: quem não falasse de IA estava fora do jogo.
E foi aí que a Apple entrou em cena com uma das apresentações mais irónicas e, ao mesmo tempo, mais inteligentes do ano:
“Apresentamos… a Calculadora para o iPad.”
Sim, o anúncio da app de Calculadora no iPadOS 18 gerou memes, risadas e comentários sarcásticos. Mas, no meio da ironia, a mensagem era clara: a Apple não precisa correr atrás de modas tecnológicas para gerar impacto.
📈 Marketing, timing e psicologia do utilizador
A decisão da Apple é um case study de marketing. Enquanto os concorrentes apostavam em produtos futuristas que ainda não chegaram às mãos dos consumidores, a Apple entregou aquilo que os utilizadores pediam há 14 anos. É um lembrete poderoso: a inovação não está apenas em criar o novo está em resolver o que as pessoas realmente querem. Como destacou o Business Insider, a força da Apple está na sua capacidade de transformar pequenas atualizações em acontecimentos globais. E isso acontece porque a marca entende algo que muitas empresas, inclusive PMEs, esquecem:
“Marketing não é falar do produto, é falar da experiência do utilizador.”
Enquanto o Google e a Samsung tentam “educar o público” para compreender a sua tecnologia, a Apple simplifica e cria uma história que qualquer pessoa entende, mesmo quem nunca ouviu falar de IA.
💡 O que as PME podem aprender com isso
Simplificar também é inovar.
As pequenas e médias empresas, sobretudo em Portugal, muitas vezes acreditam que o sucesso vem de parecer “tecnológico” ou “moderno”. Mas, tal como a Apple mostrou, a simplicidade vende, especialmente quando resolve uma dor real do cliente.Valor não é sinónimo de novidade.
O Harvard Business Review destaca que 70% dos produtos tecnológicos lançados nos últimos cinco anos falharam por falta de propósito claro. Em contrapartida, as marcas que alinham inovação com necessidade concreta conseguem fidelizar mais rápido e gastar menos em publicidade.Marketing com propósito é marketing com retorno.
Em vez de criar campanhas genéricas, as PME devem comunicar histórias reais, resultados práticos e benefícios tangíveis.
Falar menos sobre “tecnologia” e mais sobre impacto é o caminho para o crescimento sustentável.
🚀 A nova era do marketing tecnológico
O contraste entre as conferências da Apple, Google e Samsung em 2025 simboliza a transição do marketing de produto para o marketing de percepção. O que importa já não é quem tem o produto mais avançado, mas quem consegue transmitir valor de forma mais humana e estratégica. De acordo com o TechCrunch, o foco da próxima década será a “experiência emocional do utilizador”: marcas que compreendem o comportamento humano, comunicam com autenticidade e entregam soluções simples terão vantagem competitiva.
Por isso, quando a Apple apresentou a sua calculadora, não estava a “ficar para trás”. Estava a relembrar ao mercado o que significa inovar de verdade.
🎯 Conclusão: entre o barulho e o silêncio, o que vende é o significado
O episódio “calculadora vs. IA” é mais do que uma anedota tecnológica, é um espelho da forma como o marketing moderno deve ser pensado. Enquanto uns investem milhões a tentar provar que são inovadores, outros constroem fidelidade resolvendo o essencial. A Apple ganhou manchetes com uma funcionalidade mínima, porque dominou a arte de criar expectativa, comunicar com clareza e entregar valor real.
E é exatamente isso que pequenas e médias empresas precisam fazer: menos hype, mais propósito. Em 2026, as marcas que conseguirem equilibrar tecnologia e humanidade, IA e empatia serão as que realmente conquistarão o consumidor.
Fontes e leituras recomendadas: